Prof. J. Albérsio A. Lima, Presidente e Membro Titular da Academia Cearense de Ciências – Cadeira Nº 16
Irei dirigir minhas primeiras palavras a Deus, Senhor do Universo e de todos nós. Foi Ele quem me deu forças e pavimentou meu caminho para, como Presidente, conduzir a Academia Cearense de Ciências, neste primeiro ano de gestão. Antes de tudo, portanto, rendo uma homenagem de reverência e de agradecimentos a Deus pelos bens que hei recebido de suas mãos dadivosas.
Excelentíssimo Secretária de Ciência & Tecnologia do Estado do Ceara, Ex-Senador Inácio Arruda, em nome de quem gostaria de saudar todas as autoridades presentes;
Confrades & Confreiras, sobretudo os recém empossados;
Senhoras & Senhores
Ao se aproximar do final do primeiro ano de gestão na Presidência da Academia Cearense de Ciências, estamos promovendo o fortalecimento do seu quadro de Membros Efetivos, com a diplomação de cinco personalidades do meio acadêmico, científico e administrativo do nosso Estado. Estamos Igualmente, promovendo a implantação do Quadro de Membros Afiliados, previsto no seu Estatuto.
Na escolha de novos Membros de uma Academia de Ciências, seja Efetivo ou Afiliado, o reconhecimento dos frutos das suas atividades acadêmicas, científicas e de gestão é o que mais enaltece os colegas selecionados, sobretudo pelo fato de tais seleções serem pronunciadas pelos seus pares. Merecem, portanto, parabéns de todos nos, os novos cientistas ora empossados na Aceci. Por todos eles mantenho sentimentos de amizade e de reconhecimento acadêmico, iniciados e consolidados ao longo dos anos. Coincidentemente, guardo profundo respeito e reconhecimento aos Patronos escolhidos pelos Membros Efetivos, ora empossados na nossa Academia.
Prof. Dr. Arlindo de Alencar Araripe Noronha Moura, ocupante da Cadeira Nº 48 – meu ex-aluno de agronomia, hoje Professor Titular de Zootecnia, da UFC e renomado cientista com destacado programa de pesquisa a nível internacional, na área de Fisiologia da Reprodução dos bovinos.
Prof. Arlindo tem como Patrono Prof. João Ambrósio Araujo Filho, empossado como Membro Titular da Academia, em 2015, mas, infelizmente, partiu de forma prematura, não chegando a participar das nossas reuniões mensais. Por ocasião da sua posse em Solenidade no Auditório da UECE, permaneci ao seu lado, por conta da forte relação de amizade que mantínhamos. Fomos membros de Comitês do CNPq na mesma época: Ele no Comitê de Zootecnia, eu no Comitê de Agronomia.
Prof. Dr. Joaquim Celestino Júnior, Cadeira 39. Professor Emérito da UECE. Pouco conhecia o Prof. Celestino, mas sua indicação partiu do amigo e respeitado confrade, Prof. Manassés. Minha ligação com Manassés data ainda do período da nossa adolescência. Lembro que algumas vezes, quando chegava de alguma brincadeira noturna, encontrava na varanda interna da nossa casa, um grupo de jovens, entre eles meu irmão Augusto, aqui presente, Manassés, Fortaleza, Zé Ribeiro, Madeira, Ruver Herculano debruçados sobre livros de anatomia humana, com lápis e papel na mão, procurando entender os órgãos do corpo humano e seus funcionamentos, para se tornarem médicos do corpo e muitas vezes da própria alma. Enterronpia-os com algumas piadas, mas logo me recolhia por conta do respeito que sempre tive pelo conhecimento científico.
Na reunião para escolha dos patronos, ao apresentar algumas opções, o Prof. Celestino, de logo escolheu o Prof. José Júlio da Ponte Filho, o que me deixou orgulhoso e cheio de alegria. Prof. José Júlio foi meu orientador de Iniciação Científica, amigo, parceiro e padrinho de casamento. Conheci todos seus familiares, principalmente os filhos, mantendo um bom relacionamento com alguns deles, sobretudo a Circe Jane (aqui presente), nome que lhe foi atribuída pela semelhança com a Princesa Circe, da Hungria, fato do qual muito se orgulhava. Nosso saudoso Prof. José Júlio foi presidente da Academia por um logo e profícuo período.
Prof. Dr. João Cesar Moura Mota, Cadeira Nº 37. É carioca, onde obteve seu Mestrado e Doutorado em Engenharia Elétrica, professor da UFC desde 1978. O conheci quando eu era Coordenador de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC e ele se propôs a criar e coordenar um Programa PET de Engenharia Elétrica.
Na escolha do seu Patrono sugeri o Prof. Oswaldo Evandro Carneiro, meu professor de desenho técnico, ainda no primeiro semestre do Curso de Agronomia. Prof. Oswaldo era, também, formado em Direito, elegante, sempre de terno nas aulas e nas Reuniões da Academia.
Prof. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho – Cadeira Nº 47 Professor do Departamento de Ciências Fisiológicas, do Centro de Ciências da Saúde, da UECE. Foi meu colega e parceiro na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, tendo como Pró-Reitor o impetuoso e dedicado Prof. Flávio Torres. Logo o Krishnamurti saiu para seu pós-doutorado na França, mas voltamos a nos encontrar no comando do Nutec. À época o Nutec foi privilegiado com uma Diretoria de Doutores, em distintas áreas do conhecimento científico: Presidente: Krishnamurti – Médico; Diretor Administrativo-Financeiro: Alfredo Serejo – Físico e Diretoria Técnica-Científica: eu – Agrônomo – Virologista. A equipe de Diretores per si serviu de incentivo à formação complementar da competente equipe técnica do Nutec. Muitos foram os técnicos que se apressaram em obter títulos de Mestre e inclusive de Doutor.
Seu Patrono, Airton Fontenele Sampaio Xavier, médico e matemático, cuja amizade surgiu e consolidou-se no seio da Academia. Era casado, com Terezinha Xavier, também nossa confreira, que justificou sua ausência a esta Solenidade, por conta de compromissos na USP, em São Paulo.
Dr. Luiz Sergio Gadelha Vieira – Cadeira Nº 41. Professor aposentado da UFC e ex-conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. Economista e bacharel em direito, com mestrado em economia pela Universidade de Yale, nos EE.UU. Fomos companheiros, ao servir o exercito no CPOR de Fortaleza, quando participamos de várias manobras de treinamento, inclusive a simulação da tomada da cidade de Aracati. Isso era 1965 e, após um longo período, reencontrei o Luiz Sérgio, como Secretário de Governo do Ceará.
Após a reunião para a escolha dos Patronos, recebo, em minha casa, a agradável visita do Luiz Sérgio, propondo a mudança no seu Patrono. Indaguei surpreso, qual a razão e ele confidenciou o desejo de homenagear o Prof. Ari de Sá Cavalcante. No momento fui tomado de uma alegria incomensurável, não somente pela destacada figura acadêmica que foi Prof. Ari de Sá, mas, sobretudo pela saudável convivência que tive com ele ao longo de quase quatro anos. Era funcionário da UFC e por haver passado no vestibular de Agronomia, fui transferido para o expediente noturno, na Faculdade de Economia, que tinha como Diretor Prof. Ari de Sá Cavalcante. A relação de amizade com os familiares do Prof. Ari consolidou-se através da convivência com o colega Tarquínio Prisco e sua esposa Hilda, filha do Prof. Ari e amiga da minha esposa Diana, cuja amizade intensificou-se ao longo do tempo. Através destes laços de amizades conhecemos Dona Hildete, esposa do Prof. Ari e todos seus filhos e filha.
O artigo Nono do Estatuto da nossa Academia estabelece que a categoria de Sócios Afiliados deva ser preenchida por jovens pesquisadores, radicados no Ceará, indicados e escolhidos por Membros Titulares. Desta forma, estamos empossando quatro jovens Acadêmicos Afiliados:
Prof. Dr. Augusto Teixeira de Albuquerque: Conheci o Augusto (Guto) ainda criança e sua curiosidade pelos Programas de Bolsa do CNPq sempre me chamou a atenção. Talvez por ter conhecimento do meu envolvimento com os Programas de Iniciação Científica da UFC e como membro do Comitê Assessor do CNPq, sempre me indagava sobre os critérios e as condições para ser contemplado com Bolsas, demonstrando seu crescente interesse pela Academia & a Ciência.
Profa. Dra. Geísa Mattos de Araújo Lima – A primeira neta dos meus pais a obter o título de Doutora, filha do Dr. Augusto aqui presente. Professora de Sociologia no Programa de Pós-Graduação em Sociologia, da UFC. Parceira científica da Profa. Dra. Irlys Barreira, esposa do meu dileto amigo César Barreira.
Dr. Francisco de Assis Câmara Rabelo Filho – Recém selecionado em concurso público para a vaga de Agrônomo responsável pelo Laboratório de Virologia Vegetal da UFC. Fui seu mentor e orientador científico desde os primeiros semestres da Graduação em Agronomia e hoje é o responsável pelo Laboratório de Pesquisa com Vírus de Plantas, que construí ao longo de mais de 40 anos de atividades, no Departamento de Fitotecnia da UFC. Meu caro Câmara, espero que cuide bem deste Patrimônio herdado, com suas ações de pesquisa e extensão, para, um dia, se tornar Professor Pesquisador e fazer uso de toda a potencialidade do Laboratório, com a independência necessária de um cientista.
Prof. Dr. Paulo Henrique Machado de Sousa – Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos, da UFC e, embora jovem, já é bolsista de produtividade científica do CNPq. Como fui Bolsista, Nível 1A, por mais de 30 anos ininterruptos, e membro do Comitê de Agronomia do CNPq, sempre considerei a Bolsa de Pesquisa do CNPq um selo de qualidade do pesquisador brasileiro. Preserve, portanto, sua produtividade científica e seu envolvimento na formação de novos cientistas, que assim preservará sua bolsa.
A propósito de pesquisa científica, gostaria de lembrar o emblemático Dr. Norman Borlaug, defensor do princípio da Revolução Verde, a quem tive a honra de conhecer e ouvir dele a palestra de abertura de um Congresso Internacional de Fitopatologia.
Embora fitopatologista, Dr. Norman Borlaug foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz, em 1970, em razão das repercussões da sua pesquisa com o problema da fome, em países menos desenvolvidos. Ao receber a premiação, Norman Borlaug afirmou em seu discurso, que o alimento constitui o direito moral de todo ser humano nascido neste mundo, o que fez o primeiro diretor-geral da FAO (John Boyd Orr) se notabilizar com sua famosa frase: Não se pode construir paz com o estomago vazio.
No entanto, é lamentável, que ainda existam dois mundos na face da terra: O mundo dos privilegiados e o mundo dos excluídos, e infelizmente, a fome e a desnutrição têm sido companheiras constantes dos bilhões de habitantes do mundo dos excluídos.
Por oportuno, conclamo todos os confrades e confreiras, cientistas cearenses, gestores, autoridades, para, juntos, de mãos dadas, trabalharmos em parceria para redução das diferenças, que ainda existem no nosso Brasil.
Muito Obrigado.