Discurso do Presidente da Academia Cearense de Ciências
Prof. J. Albérsio A. Lima
Foi Ele quem me deu forças e pavimentou meu caminho para a escalada científica, que fiz até chegar a Presidência da Academia Cearense de Ciências, no início deste ano. Rendo, pois, antes de tudo, uma homenagem de reverência e de agradecimento a Deus pelos bens que hei recebido de suas mãos dadivosas.
Magnífica Reitora Fátima Maria Fernandes Vera, em nome de quem gostaria de saudar todas as autoridades presentes;
Confrades & Confreiras, sobretudo os recém empossados;
Senhoras & Senhores
Entre as propostas de ação ao assumir a presidência desta Academia, estava incluída, em primeiro lugar, a escolha de novos acadêmicos para o engrandecimento dos nossos objetivos, o que estamos concretizando nesta Solenidade. Na escolha de novos acadêmicos, o reconhecimento dos frutos dos seus trabalhos é o que mais os enaltecem, especialmente quando pronunciado pelos seus pares. Merecem, portanto, os parabéns de todos nos, os novos cientistas ora empossados na Aceci. Por todos eles mantenho sentimentos de amizade e de reconhecimento científico iniciados e consolidados no meio acadêmico.
Prof. Arraes meu colega e amigo nas lidas no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, cuja amizade e aproximação consolidaram-se nas atividades acadêmicas junto a Universidade do Arizona: Ele cursando o Doutorado em Tecnologia de Alimentos, eu concluindo o mestrado em Fitopatologia. Nossas amizades se fortaleceram nas ações de pesquisa na UFC e, inclusive, nas participações dos comitês de assessoramento do CNPq, ao longo dos anos.
Profa. Glauce, minha pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação na UFC, com a qual mantive uma convivência harmoniosa e profícua nas ações da Pró-Reitoria, quando da administração do nosso Decano Prof. Albuquerque. Com ela estabelecemos contatos permanentes com os pesquisadores das diferentes áreas do conhecimento científico da UFC. Sob sua direção e apoio do Reitor Albuquerque foi criado o Programa para Apoio a Professores Aposentados (PROPAP), ainda hoje em uso para o fortalecimento dos cursos de pós-graduação.
Ainda na fase de elaboração da minha Tese de PhD, na Universidade da Flórida, sobretudo na Discussão de resultados sobre produtos glicoprotéicos que interferiam nos testes sorológicos para detecção de vírus em sementes de leguminosas, deparei-me com publicações de pesquisas desenvolvidas no Brasil, de autoria de Moreira, R. A., os quais muito me interessaram. Foi assim, portanto, meu primeiro contato científico com o Prof. Renato de Azevedo Moreira. No Ceará, o relacionamento científico com o Prof. Renato foi consolidado com uso compartilhado de equipamentos de laboratório e, inclusive quando gestor da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura. Nas convivências com o Prof. Renato, a par da sua competência como cientista e como gestor, percebi seu talento artístico na confecção de esculturas em madeira.
Meus primeiros contatos acadêmicos com o recém-doutor em Oncologia pela University of Oxford, na Grã-Bretanha, Dr. Manoel Odorico de Moraes foi ainda ao início da década de 1990. Após os primeiros contatos, seguiram-se reuniões e discussões científicas na Pró-Reitoria de Pesquisa, sobretudo na época da implantação dos Programas PET na UFC. Foi ele o mentor da Homenagem que recebi como coordenador dos Programas PET na UFC, cuja placa de homenagem guardo com carinho.
Meus contatos e conhecimentos iniciais com a Profa. Maria Clélia Lustosa Costa foi também, nos programas de iniciação científica, dos quais sempre participava com entusiasmo e com dedicação. Ainda esta semana no velório do Prof. Luiz Antonio, estive com Silvia Rêgo minha auxiliar durante oito anos na Pro – Reitoria de Pesquisa, e ela lembrou a dedicação da Profa. Clélia na orientação de estudantes na área de geografia.
Apresentamos, também, à Academia, uma proposta de criação do seu quadro de sócios beneméritos, previsto em seu Estatuto. Portanto, à semelhança da Academia Brasileira de Ciências, com as contribuições financeiras dos sócios beneméritos, que podem ser Instituições públicas e privadas, planejamos ampliar as ações da Academia, inclusive através da sua interiorização, não apenas pela seleção de novos membros para seu quadro permanente, oriundos de Instituições do interior do Estado, mas, sobretudo, através da realização de Eventos Acadêmicos Científicos no interior. O lema será: Interiorização da Ciência.
Como atividade adicional e inovadora, visando uma maior visibilidade da Academia, estamos propondo a realização de uma Sessão Magna Anual, próximo ao final de cada ano, com os objetivos de realizar a Solenidade de posse dos Novos Acadêmicos do ano; Promover a Entrega de Troféus aos Membros Institucionais (Sócios beneméritos) e Promover a Entrega de Troféus aos Acadêmicos – Destaques do Ano: a) Destaque por índice de participação nas reuniões mensais; b) Destaques científico-acadêmicos do ano.
Encontra-se, também, em discussão uma proposta para realização de Seminários, envolvendo temas relevantes e atuais para a comunidade científica e a sociedade civil organizada do Estado do Ceará. Uma equipe de acadêmicos da área de engenharia já se encontra planejando um Seminário sobre recursos hídricos e seus aproveitamentos para o Estado do Ceará. Por outro lado, estamos realizando contatos com autoridades científicas da área de saúde humana, do Ceará e de outras partes do Brasil, para a realização de Seminário sobre “Diagnose, Epidemiologia e Alternativas de Controle de Doenças Ocasionadas por Vírus Transmitidos por Aedes aegypti”.
A propósito de saúde humana e de produção de alimentos, mesmo na época pré-histórica, o crescimento da humanidade sempre afetou ou excedeu a habilidade do homem de produzir alimentos. Até mesmo a invenção da Agricultura não foi capaz de emancipar, de forma permanente, o homem da escassez de alimento, da fome e da desnutrição.
Por oportuno, gostaria de mencionar o emblemático princípio da Revolução Verde defendida pelo Dr. Norman Borlaug, a quem tive a honra de conhecer e ouvir dele a palestra de abertura de um Congresso Internacional de Fitopatologia, na Cidade do México, ainda no início da década de 1970. Sua palestra e suas pesquisas muito me impressionaram e direcionaram minhas ações acadêmicas e científicas no Ceará. Embora fitopatologista preocupado com a solução de problemas de doenças e de tecnologia de produção da cultura do trigo e do arroz no México, Dr. Norman Borlaug foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz, em 1970, em razão das repercussões da sua pesquisa com o problema da fome em países menos desenvolvidos.
Com base no princípio da Revolução Verde, Norman Borlaug afirmou que o alimento constitui o direito moral de todo ser humano nascido neste mundo, e ampliou o princípio proposto pelo Lord John Boyd Orr, Prêmio Nobel da Paz de 1969, estabelecendo: Se deseja paz cultive justiça, mas ao mesmo tempo cultive os campos para produção de mais alimentos; do contrário não haverá paz. John Boyd Orr foi o primeiro diretor-geral da FAO (Food and Agriculture Organization), com sua famosa frase: Não se pode construir paz com o estomago vazio. No entanto, é lamentável, que ainda existam dois mundos na face da terra: O mundo dos privilegiados e o mundo dos excluídos. Infelizmente, a fome e a desnutrição têm sido companheiras constantes dos bilhões de habitantes do mundo dos excluídos.
Segundo dados que nos foram repassados pelo confrade e conterrâneo de Santana do Cariri, Prof. Pedro Sisnando, infelizmente, o Brasil ainda possui mais de 50 milhões de pessoas em pobreza absoluta, sendo a maioria no Norte e no Nordeste, apesar das doações do Programa Bolsa Família há vários anos.
Por oportuno, conclamo todos os cientistas cearenses, gestores, autoridades, para, juntos, de mãos dadas, trabalharmos em parceria para redução das diferenças existentes entre os dois mundos que, infelizmente, ainda existem no nosso Brasil.
Muito Obrigado.